Após cinco
anos a banda americana The Killers
lançou o seu quinto álbum de estúdio, intitulado Wonderful Wonderful. O disco traz grandes influências dos anos 80,
misturando a dance de David Bowie e
o synthpop de Depeche Mode, com
letras fortes de Brandon Flowers.
O quarteto
de Las Vegas abre com a música mais sombria, a faixa-título, Wonderful Wonderful, que traz o baixo
marcante de Mark Stoermer. A segunda
faixa e primeiro single do disco é “The Man”. A canção tem um sintetizador
carregado, característica marcante da banda principalmente em seus primeiros
discos, e é uma das que evidenciam a influência de David Bowie, principalmente da
música “Fame”.
O álbum
continua com duas baladas, “Rut” e “Life to Come”, que nos mostra a evolução
como compositor de Brandon Flowers. Elas falam do problema de transtorno de
estresse pós-traumático (PTSD) da mulher de Flowers, Tana Mumblowsky, que chegou a ter pensamentos suicidas, o que ainda
é relatado em outras músicas do disco.
“Run for
Cover” vem com um toque mais rock, com a guitarra de Dave Keuning nos lembrando de seus momentos em Hot Fuss. A música é uma composição antiga, feita originalmente
para estar no álbum Day & Age,
mas que não conseguiu ser finalizada a tempo para entrar no disco. “Run For
Cover” e “The Man” são as únicas que podem trazer todo o potencial da banda ao
vivo, enquanto as outras músicas devem ser pouco aproveitadas nos shows.
“Tyson vs.
Douglas” é o ponto alto do disco. Em um primeiro momento você pode pensar que a
música cita apenas à luta histórica entre Mike
Tyson contra Buster Douglas, mas
refletindo o momento em que Flowers a escreveu, é a grande prova de seu
progresso como compositor. A letra pode ser interpretada como uma referencia de
como sua esposa foi “nocauteada” pelo PTSD e como ela conseguiu dar a volta por
cima.
O disco
segue com outras duas baladas, “Some Kind of Love” e “Out of My Mind”, que
quebram o ritmo do álbum e acabam soando muito repetitivas, mas “Some Kind of
Love” é mais uma das belas e tristes composições sobre o estado mental da
esposa de Flowers. O vocalista traz versos em meio a uma lenta melodia que diz
“Você não pode fazer isso sozinha/ Precisamos de você em casa/ Há muito o que
ver/ Sabemos que você é forte”.
“The Calling” tem participação do ator Woody Harrison, que narra uma passagem
bíblica que se refere ao chamado de Mateus para ser discípulo de Jesus. A
música é a que contém mais sintetizador e lembra muito as músicas da fase
synthpop do Depeche Mode ou do New Order.
O disco
termina com a “Have All the Songs Been Written?”, que faz lembrar muito uma canção
do Dire Straits, e não atoa, já que
o próprio Mark Knopfler, guitarrista
da banda, fez uma colaboração na faixa, mas a música não faz jus à
participação, sendo mais outra balada que não empolga.
Wonderful Wonderful é melhor
que seus antecessores, Battle Born (2012)
e Day & Age (2008), mas traz
pouca inovação musical para banda, usando elementos já muito explorados e de
formas melhores anteriormente. Muito disso deve ter sido causado pelo
afastamento do guitarrista Dave Keuning, que não participou da fase de produção
do álbum, apenas gravou as músicas. Mas Brandon Flowers nos traz suas melhores
composições, conseguindo traduzir em palavras, um momento muito delicado da
vida de sua família.
O The
Killers volta ao território nacional para tocar no Lollapalooza no dia 25 de
Março de 2018.