
Magnum opus: expressão que vem do latim, e significa grande obra, ou seja, a obra-prima de um artista.
Muito se fala da qualidade e relevância dos Beatles para a música. Mas quando se trata de obra-prima, a quase unanimidade citada é o "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", disco que representou toda uma mudança de vida para o quarteto de Liverpool, que largavam a imagem pop que foi reforçada com a Beatlemania desde 1962. "Sgt. Pepper's" representou 1967, o verão do amor, e uma mudança de comportamento social.
Mas o foco não será esse disco, e sim "Abbey Road", aquele que pode ser o único disco dos Fab Four que realmente destronou "Sgt. Pepper's". Eis aqui os motivos para tal:
1. O experimentalismo
Desde meados de 60, o grupo tomou novos rumos e canções e discos experimentais foram compostos aos montes. Em "Abbey Road", canções como "Because" e "I Want You" deixam essa busca por novos sons bem clara.
2. Os hits
O disco, assim como todos os álbuns dos Beatles, não é recheado de hits, mas tem as notáveis "Come Together" e "Something" que já valem o play.
3. O auge criativo de George
George Harrison sempre foi o beatle subestimado. Se não se igualava a Lennon e McCartney em quantidade de composições, sempre que se enveredava por esses caminhos não desapontava. Mas em "Abbey..." Harrison supera todas as expectativas. "Something" e "Here Comes The Sun" são duas das melhores canções do grupo, e com elas o álbum tem um salto de qualidade, sobretudo com a melodia de "Here Comes...".
4. O baixo de Paul
É inegável o talento de Paul McCartney com as quatro cordas, mas no "Abbey Road" ele se sobressai. O baixo é um espetáculo a parte, e a harmonia em todas as canções é de chocar até os mais céticos em relação ao grupo.
5. A vez de Ringo
Em quase uma década produzindo, foram poucas as vezes que Ringo pôde tomar a frente. Onze canções cantando, para ser mais exato. Mas "Octopus's Garden" é brilhante. Não à toa que ela é citada em "The Masterplan", do Oasis.
6. O talento em meio ao caos
Durante a produção do álbum, os desentendimentos eram constantes, o que torna o resultado do disco ainda mais relevante. O relacionamento entre John Lennon e Yoko Ono já traziam conflito para o grupo. Mas obras-primas em meio a conflitos são constantes, vide "Rumours" do Fleetwood Mac e vários discos do "Oasis".
7. A proposta do disco
A capacidade do quarteto nos pouco mais de 47 minutos de abranger vários estilos; de ser pop, psicodélico; de abusar dos mais variados elementos; de cadenciar em canções longas ("I Want You") e ao mesmo tempo ser tão virtuoso no medley final, é de aguçar até os ouvidos mais desatentos.
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A foto antes da foto |
8. A capa e sua simbologia
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The End |
9. A trinca final
O que dizer do medley no lado B? São pouco mais de cinco minutos de "Golden Slumbers", "Carry That Weight" e "The End", mas numa intensidade que até os punks invejariam. A melodia de "Golden Slumbers" com a linha de baixo única de McCartney, seguida do coro de "Carry That Weight" e o grand finale com seu nome apropriado, além de solos de guitarra. Os Fab Four conseguiram condensar tanto talento e criar algo tão sublime em míseros cinco minutos!
10. A verdadeira despedida
Moralmente, "Abbey Road" é a despedida do grupo mais influente de todos os tempos. Isso porque a produção de "Let It Be" - último disco lançado da banda - se iniciou antes da produção do "Abbey". A despedida não poderia ser melhor!